O anticolonialismo irlandês pautou-se na maximização de fronteiras de gênero com vistas a acentuar a hombridade dos homens gaélicos em face de sua feminização pelo colonialismo inglês, que se legitimava pela atribuição de gênero ao vínculo entre Inglaterra e Irlanda ao inscrever o império no registro masculino e a colônia no feminino. Mediante pesquisa em fontes primárias, investigamos as implicações dessa contra-estratégia na representação de mulheres subversivas que desafiavam uma matriz de gênero dual em que a masculinidade se definia em relação oposicional e complementar com a feminilidade. Tanto as feministas, que antepunham sua agenda ao nacionalismo, quanto as republicanas, que defendiam a nação antes com o rifle do que com o rosário, eram “alterizadas” pela intelligentsia nacionalista como aberrações de gênero por meio de descrições caricaturais que mal escamoteavam o temor de sua transgressão desestabilizar as balizas de gênero que sustentavam o projeto de remasculinização nacional.
Irish anticolonialism was based on the maximization of gender boundaries in order to accentuate the manliness of Gaelic men against their feminization by a colonialism that legitimized itself attributing gender to the link between England and Ireland, inscribing the empire in male register and the colony in the female one. Through research in primary sources, we investigate the implications of this counter-strategy in the representation of subversive women who challenged a dual gender matrix in which masculinity is defined in oppositional and complementary relation with femininity. Both feminists, who privileged their policies instead of nationalism, and Republicans, who defended the nation with the rifle rather than with the rosary, were othered by the nationalist intelligentsiaas gender aberrations in sardonic descriptions whose scorn hardly hide the fear their transgression could destabilize gender boundaries that supported the project of national remasculinization.