A realidade política frequentemente se digladia com os ideais que a tradição ocidental estabeleceu para si mesma como alvo dos seus esforços na busca pelo desenvolvimento político. Os diferentes caminhos históricos e culturais dos Estados de Direito demonstram a pluralidade de formas com que podemos responder a este chamado. Nesse sentido, o presente trabalho buscou se debruçar especificamente sobre os modelos políticos dos dois Estados mais influentes da União Europeia, a saber, França e Alemanha, para, evidenciando suas idiossincrasias e os traumas que marcam suas histórias, elucidar os avanços políticos, bem como as questões particulares com as quais cada um deles se defronta. Alicerçamo-nos na filosofia política de Chantal Mouffe, que busca demonstrar o erro político e estratégico de um modelo político-institucional baseado na busca pelo consenso (ou baseado na ortodoxia de uma ideia única), ao mesmo tempo em que defende firmemente a necessidade do dissenso e a elevação dos antagonismos (nós/eles ou amigo/inimigo) ao plano agonístico da disputa adversarial produtiva, que não exclui o outro nem tenta absorvê-lo, permitindo que as tensões políticas frutifiquem em sentidos e caminhos novos e diversos que disputam a hegemonia política temporária. Desse modo, buscamos evidenciar a continuidade e a vitalidade daquela que talvez seja a mais longa luta ocidental, a luta pelo sonho de realização da nossa Democracia.
The political reality frequently faces itself with the ideals which the Western tradition established for itself as the target of its efforts in the quest for political development. The different historical and cultural paths of the different Rechtsstaatshow the plurality of forms through which we can answer to this call. In that sense, the present work aimed at understanding the political models of the two most influential European Union’s States, France and Germany, in order to, by emphasizing their idiosyncrasies and the traumas that mark their histories, elucidate the political advancements, as well as the particular questions with which each of them struggles. We build our grounds on the basis of Chantal Mouffe’s political philosophy, which seeks to demonstrate the political and strategical error of a political-institutional model based of the seek of consensus (or based in the orthodoxy of a single thought), while also firmly defending the necessity of dissensus and the elevation of all antagonisms (we/them or friends/enemies) to the agonistic level of productive adversarial dispute, which does not exclude the other or tries to absorb it, allowing that the political tensions fructify in new and diverse directions and paths, which shall dispute for thetemporary political hegemony. In this way, we seek to emphasize the continuity and vitality of that which is possibly the longest Western struggle, the struggle for the dream of effectuating our Democracy.