Este artigo tenciona, em linhas gerais, interpretar a representação do homoerotismo nas produções poéticas pederásticas catulianas e da violência na chamada priapeia latina da Roma antiga, sob a noção do pensamento antigo a respeito de sexualidade. Consiste, ainda, em descrever o reflexo dos costumes da sociedade romana diante dessas produções, visto se tratarem de dois modelos poéticos: o primeiro, trazido por Catulo, é voltado a composições “pederásticas”, pois faz menção ao amor do poeta por um adolescente chamado Juvêncio; o segundo modelo são textos, poemas e epigramas, voltados ao deus Priapo, nos quais há o teor de ameaça e de violência, por meio das quais o deus usaria seu falo para castigar os ladrões que invadissem seu jardim, por exemplo. Para tanto, foram selecionados oito poemas, sendo quatro dos Carmina Catulli e quatro da Priapeia latina. Com este artigo, pôde-se compreender o retrato sociocultural que emerge a partir dessas representações, e, ainda, associá-las à forma com que as relações pederásticas catulianas e a violência presente na chamada priapeia latina alinham-se a questões mais gerais, como poder, prazer e estratificação social.