O presente trabalho tem como proposta analisar as audiências públicas que estão sendo realizadas desde julho de 2012 pela Comissão Nacional da Verdade, a fim de evidenciar possÃveis funções polÃticas dos testemunhos para a constituição da CNV e para o desenrolar da luta pelo direito humano à memória e a verdade no Brasil. De tal forma, o artigo se fundamenta nos conceitos de luta por reconhecimento e histórias de vida, e procura discutir como experiências individuais podem se transformar em questões de interesse coletivo e afetar um processo polÃtico. Identificamos três funções para as histórias de vida nesse processo: i)institucional; ii) de visibilidade e iii) pedagógica. Acreditamos que o trabalho contribui para a lacuna existente na articulação entre histórias de vida e teoria do reconhecimento e permite também examinar empiricamente um importante conflito social do Brasil e apontar implicações para o trabalho da Comissão Nacional da Verdade.