Análise das variantes do gene regulador de condutância transmembrana da fibrose cística em pacientes após triagem neonatal positiva

Revista Brasília Médica

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ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Análise das variantes do gene regulador de condutância transmembrana da fibrose cística em pacientes após triagem neonatal positiva

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Daniela de Souza Paiva Borgli, Aline Cristina Gonçalves, Tayna Castilho, Carla Cristina Souza Gomez, Maria de Fátima Servidoni, Maria Angela Gonçalves de Oliveira Ribeiro, Gabriel Hessel, Renata Rodrigues Guirau, Vanessa Gimenes Gomes Brilhante, Carmem Silva Bertuzzo, Adyleia Contrera Dalbo Toro, Andressa Peixoto, Antônio Fernando Ribeiro, José Dirceu Ribeiro
Autor Correspondente: Daniela de Souza Paiva Borgli | [email protected]

Palavras-chave: triagem neonatal, variantes do gene cftr, fibrose cística

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: A fibrose cística (FC) é a doença genética autossômica recessiva, mais comum em populações caucasianas, causada por variações na sequência do gene que codifica a proteína CFTR. Atualmente, cerca de 3000 variantes foram descritas (cftr2.org), embora cerca de 15% sejam patogênicas. As variantes são agrupadas em 7 classes de acordo com seus defeitos biológicos primários. O espectro e as frequências das mutações variam consideravelmente entre populações e regiões do mundo. O Brasil é conhecido por uma maior heterogeneidade, atribuída a miscigenação populacional, com prevalência estimada de cerca de 1 em cada de 10 mil nascidos vivos. A detecção e caracterização das variantes possibilita aprimorar o diagnóstico, promover o aconselhamento genético e mais recentemente o tratamento de precisão com moduladores do gene CFTR.

OBJETIVO: Descrever as variantes prevalentes em uma população de pacientes com diagnóstico de FC após a triagem neonatal, no período de 2010 a 2021, no centro multidisciplinar de tratamento da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, transversal descritivo. Aprovado no comitê de ética da instituição com nº de CAAE:55565622800005404. Foram analisados os dados de prontuários de 116 pacientes, com diagnóstico de FC, encaminhados da TNN no período. Após a confirmação diagnóstica (Cloro >60 mmolL), foi realizada a análise genética estendida pela amplificação de sonda dependente de ligação múltipla (MLPA, sequenciamento de DNA Sanger ou sequenciamento de próxima geração.

RESULTADOS: Durante o período do estudo foram encontradas 39 variantes do gene CFTR. Foi possível identificar 2 alelos em 86 %, dos casos e pelo menos 1 Alelo em 6 %. Em 9 casos (8 %) não foram identificadas variantes. Além disso, 53 genótipos diferentes foram encontrados em nossa amostra, sendo a maior prevalência observada para os genótipos F508del/F508del, F508del /G542X e F508del/S4X (respectivamente 25%, 9% e 7%). A F508del, variante causadora da doença mais descrita na população caucasiana, foi encontrada em homozigose e em heterozigose em 29 (25%) e 58 (50%) casos respectivamente. Outros alelos encontrados com maior frequência foram G542X (n= 18), S4X (n=9), A561E (n=6), R1162X e R334W (n= 3). Outras variantes foram encontradas com frequências abaixo de 1%. As variantes rastreadas foram classificadas da seguinte forma: 29 variantes patogênicas [classificadas em (I) n=12, (II) n=12, (III) n=1; (IV) n=2; (IV/V) n=1 e (VI) n=1] e 7 de significância incerta; e 3 novas. Foram encontradas 3 variantes aprovadas para uso de moduladores da CFTR no Brasil pela Agência de Vigilância Sanitária, em 87 destes pacientes.

CONCLUSÃO: Nossa amostra apresentou alta diversidade de variantes identificadas. Conhecer as variantes da nossa população permite ampliar o diagnóstico e o uso de terapias de precisão, promovendo maior qualidade e expectativa de vida aos pacientes.