Introdução: A espécie Maytenus guianensis é endêmica da Amazônia brasileira, sendo utilizada na medicina tradicional contra enfermidades como malária, leishmaniose e câncer. Acredita-se que essa ação farmacológica pode estar relacionada à presença de terpenoides ocorrentes no gênero Maytenus, visto que diversas pesquisas têm demonstrado o potencial antiparasitário e anticancerígeno desse gênero, o que justifica a realização do presente estudo. Objetivo: Realizar uma análise genotóxica e antiparasitária de extratos e substâncias isoladas de M. guianensis. Materiais e Métodos: As análises da citotoxicidade e mutagenicidade do extrato aquoso foram realizadas pelos métodos de germinação dos meristemas, índice mitótico e micronúcleo em Allium cepa, enquantoos de genotoxicidade in vivo utilizaram as técnicas de ensaio cometa em sangue periférico, correlação eritrócitos policromáticos/monocromáticos e ocorrência de micronúcleo em medula óssea de camundongos. O preparo dos eluatos e isolamento dos metabólitos secundários foram realizados por meio de cromatografia em coluna de vidro utilizando-se sílica gel como fase fixa. A identificação estrutural dos constituintes químicos foi realizada por meio de métodos espectroscópicos de ressonância magnética nuclear de hidrogênio-1 e carbono-13, uni e bidimensional, espectroscopia de massa e espectroscopia na região do infravermelho. Para a avaliação da atividade anti-Plasmodium falciparum W2 e anti-Leishmania amazonensis utilizou-se os testes imunoenzimático anti-HRPII e brometo de 3-metil-[4-5-dimetiltiazol-2-il]- 2,5 difeniltetrazólio, respectivamente. Resultados e Discussão: Observou-se que o extrato aquoso da entrecasca de M. guianensis, em concentrações até dez vezes maiores que a utilizada na etnofarmacologia, apresenta ação anticitotóxica e antimutagênica nos testes em A. cepa, além de efeitos antigenotóxicos em camundongos tratados de forma aguda. A investigação fitoquímica em M. guianensis levou ao isolamento de nove triterpenos, incluindo friedelanos, friedo-nor-oleanano, oleanano e ursano e um esteroide, sendo todos isolados pela primeira vez a partir desta espécie. Nos testes antiplasmodial e leishmanicida o eluato hexânico da casca (EHC), apresentou os melhores resultados entre os eluatos com IC 50 = 11,26 μg/mL contra P. falciparum e inibição entre 90 a 100% das formas promastigotas de L. amazonensis, porém, este eluatoapresentou citotoxicidade contra a linhagem celular HepG2. Enquanto que entre os metabólitos isolados do EHC, o que apresentou melhor resultado contra P. falciparum foi o Tingenina B com IC 50 = 7,19 μg/mL, este que seguido do Tingenina + Tingenina B apresentam os melhores resultados contra promastigotas de L. amazonensis, com inibição ficando entre 80 a 90%. Conclusão: Constatou-se que a espécie M. guianensis possui potencial anticitotóxico, antimutagênico, antigenotóxico e antiparasitológico com atividade antiplasmodial e antileishmanial, sendo indicados estudos futuros para elucidação do mecanismo de ação para cada atividade e avaliação do potencial genotóxico dos eluatos e metabólitos secundários, a fim de potencializar a eficácia etnofarmacológica e minimizar os possíveis efeitos adversos.