O Brasil vivenciou duas décadas de ditadura militar e com ela, todo
um processo de perseguição polÃtica aos seus oponentes. Nas duas últimas
décadas vem sendo aprovadas no paÃs leis que continuam e ampliam um
processo que começou em 1979 com a promulgação da Anistia. Denominado
genericamente de “reparaçãoâ€, esse processo vai além do estabelecido pelas
Leis. Indenizações são concedidas à queles que sofreram perseguição polÃtica,
casas legislativas restituem o decoro parlamentar àqueles que exerciam
essas funções e foram cassados por motivação polÃtica durante a ditadura
militar (1964-1985), instituições governamentais e não governamentais
homenageiam figuras ilustres que se destacaram na luta contra o regime
e reintegram simbolicamente pessoas a cargos. Esses atos trazem Ã
tona distintos significados de ordem moral, polÃtica, jurÃdica, material e
simbólica, envolvendo diferentes instâncias para além dos diretamente
atingidos. Assim, as entidades da sociedade civil, os poderes públicos e
jurÃdicos entram no jogo das disputas e construções de versões sobre o
passado. Com base na análise de conteúdos de jornais escritos e sites,
o artigo analisa esse processo, apresentando a atuação das entidades de
direitos humanos e de organismos da sociedade civil e suas lutas, nem sempre
vitoriosas, na construção de uma polÃtica de não esquecimento dos atos de
violência e perseguição cometidos durante o regime militar.