O objetivo deste artigo é contribuir, a partir da perspectiva forjada
pela Sociologia da Arte, para a compreensão da relação que se estabelece,
ao longo de três décadas de produção artÃstica, entre a cidade tomada como
tema e o lirismo abstrato das pinturas de Antônio Bandeira (1922-1967).
Por meio de um olhar guiado por categorias sociológicas de análise, o
pesquisador apreende e dá a ver um lento processo de transmutação formal,
cujo fundamento encontra-se nas diversas posições ocupadas pelo pintor ao
longo de sua trajetória de vida. Por um lado, tal processo aponta a depuração
da cidade aos olhos do artista, o qual converte a representação da paisagem
urbana em forma-paisagem; e por outro, evoca a emergência de um estilo
próprio, marcado pela a abstração crescente da cidade – de conteúdo artÃstico
recorrente, ela se transformou em afirmação da forma-paisagem, configurada
como imagem-sÃntese das cidades vividas simultaneamente por Bandeira –
Fortaleza, Rio de Janeiro e Paris.