Este artigo apresenta algumas reflexões desenvolvidas a partir da minha experiência de pesquisa de campo do doutorado, na perspectiva de problematizar a prática antropológica, especialmente nos contextos urbanos. A ótica que apresento aqui se desenvolve em torno de três temas, que metaforicamente denominei: curvas, flores e cores. As curvas definem os elementos que identificam a própria pesquisa em suas especificidades: geograficamente (periferias urbanas), epistemologicamente (com aporte teórico da antropologia) e relacionalmente (com mulheres). A partir deste desenho, apresento também as flores que encontrei no caminho (minhas interlocutoras), e é partir deste encontro que descrevo as formas como meu campo foi sendo transformado na escrita, através das cores das abordagens teóricas selecionadas para construir a experiência etnográfica e, concomitantemente, refletir sobre ela. Optamos por nos guiar pelas narrativas e discursividades das interlocutoras para construir as análises e apresentar as relevâncias do campo. Esta escolha está orientada, por um lado, pela opção de dar prioridade às práticas cotidianas e, por outro, a proposta de uma antropologia dialógica nos motivou a conceber maneiras de considerar os discursos e suas contextualizações como lugares preponderantes para a análise dos significados e experiências das interlocutoras da pesquisa, abordagem que ouso denominar de antropologia de afetos.