O objetivo deste ensaio é refletir criticamente sobre a noção de patrimônio cultural como artefacto sociocultural e como tecnologia política, analisando-a em termos históricos, de carácter e condições de sua existência a partir do referencial teórico oferecido pela disciplina Antropologia e Patrimônio Cultural2 . Este trabalho levanta questões e problematiza algumas das premissas que estiveram na origem deste campo e que estão na base de sua análise, mesmo que de forma camuflada. As questões que se procuram refletir aqui são as seguintes: o que é o patrimônio cultural? Ou como ele pode ser conceptualizado e estudado antropologicamente? Como os projetos etnográficos podem captar as dimensões críticas do patrimônio cultural? Que contribuição a antropologia pode oferecer para a compreensão do campo do patrimônio cultural? Como os discursos sobre o patrimônio cultural constróem subjetividades e moldam a forma como os problemas são conceptualizados e apresentados? Que respostas os sujeitos às/das políticas do patrimônio oferecem aos processos de subjetivação criados pelos discursos estatais sobre o mesmo? Estou certo de que nem todas as perguntas que levanto neste ensaio serão aqui respondidas, mas ficam como questões a serem refletidas em ensaios e/ou artigos posteriores dada a complexidade das mesmas.