A antropologia perspectiva e o método de equivocação controlada

ACENO - Revista de Antropologia do Centro-Oeste

Endereço:
Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Boa Esperança
Cuiabá / MT
Site: http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/aceno/index
Telefone: (65) 8427-1704
ISSN: 2358-5587
Editor Chefe: Marcos Aurélio da Silva
Início Publicação: 01/01/2014
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Antropologia

A antropologia perspectiva e o método de equivocação controlada

Ano: 2018 | Volume: 5 | Número: 10
Autores: Eduardo Viveiros de Castro
Autor Correspondente: Eduardo Viveiros de Castro | [email protected]

Palavras-chave: Perspectivismo; equivocação; tradução.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo sustenta que fazer antropologia é comparar antropologias. A comparação não é apenas nosso instrumento de análise primário; ela é também nossa matéria-prima e nosso contexto último. Pois o que comparamos são sempre, de uma forma ou de outra, comparações. Se, como sugere Marilyn Strathern, a cultura consiste no modo pelo qual as pessoas estabelecem analogias entre diferentes domínios de seus mundos, então cada cultura é um processo multidimensional de comparação. Da mesma forma, se a antropologia estuda a cultura através da cultura, então, como observa Roy Wagner, as operações que caracterizam nossa investigação —sejam elas quais forem—devem ser também propriedades gerais da cultura. As relações intraculturais, ou comparações internas, e as relações interculturais, ou comparações externas, estão em estrita continuidade ontológica. Mas a comparabilidade direta não significa necessariamente tradutibilidade imediata, assim como a continuidade ontológica não significa transparência epistemológica. Como podemos restituir as analogias estabelecidas por, digamos, os povos indígenas amazônicos nos termos de nossas próprias analogias? O que acontece com nossas comparações quando as comparamos com as comparações indígenas? A perspectiva que aqui se advoga é a do perspectivismo e a da equivocação controlada.



Resumo Inglês:

This article maintains that to do anthropology is to compare anthropologies. Comparison is not just our primary analysis tool; it is also our raw material and our ultimate context. For what we compare are always, in one way or another, comparisons. If, as Marilyn Strathern suggests, culture is the way in which people draw analogies between different domains of their worlds, then each culture is a multidimensional process of comparison. Likewise, if anthropology studies culture through culture, then, as Roy Wagner observes, the operations that characterize our investigation - whatever they may be - must also be general properties of culture. Intracultural relations, or internal comparisons, and intercultural relations, or external comparisons, are in strict ontological continuity. But direct comparability does not necessarily mean immediate translatability, just as ontological continuity does not mean epistemological transparency. How can we restore the analogies established by, say, Amazonian indigenous peoples in terms of our own analogies? What happens to our comparisons when we compare them with indigenous comparisons? The perspective that is advocated here is that of perspectivism and that of controlled equivocation.



Resumo Espanhol:

Este artículo sostiene que hacer antropología es comparar antropologías. La comparación no es solo nuestra herramienta de análisis principal; También es nuestra materia prima y nuestro contexto final. Porque lo que comparamos son siempre, de una forma u otra, comparaciones. Si, como sugiere Marilyn Strathern, la cultura es la forma en que las personas hacen analogías entre diferentes dominios de sus mundos, entonces cada cultura es un proceso de comparación multidimensional. Del mismo modo, si la antropología estudia la cultura a través de la cultura, entonces, como observa Roy Wagner, las operaciones que caracterizan nuestra investigación, sean cuales sean, también deben ser propiedades generales de la cultura. Las relaciones intraculturales, o comparaciones internas, y las relaciones interculturales, o comparaciones externas, están en estricta continuidad ontológica. Pero la comparabilidad directa no necesariamente significa traducibilidad inmediata, así como la continuidad ontológica no significa transparencia epistemológica. ¿Cómo podemos restaurar las analogías establecidas por, digamos, los pueblos indígenas amazónicos en términos de nuestras propias analogías? ¿Qué sucede con nuestras comparaciones cuando las comparamos con las comparaciones indígenas? La perspectiva que se defiende aquí es la de perspectivismo y la de equívoco controlado.



Resumo Francês:

Cet article soutient que faire de l'anthropologie, c'est comparer des anthropologies. La comparaison n'est pas seulement notre principal outil d'analyse; c'est aussi notre matière première et notre contexte ultime. Car ce que nous comparons sont toujours, d'une manière ou d'une autre, des comparaisons. Si, comme le suggère Marilyn Strathern, la culture est la façon dont les gens font des analogies entre différents domaines de leur monde, alors chaque culture est un processus de comparaison multidimensionnel. De même, si l'anthropologie étudie la culture à travers la culture, alors, comme l'observe Roy Wagner, les opérations qui caractérisent notre enquête - quelles qu'elles soient - doivent également être des propriétés générales de la culture. Les relations intraculturelles, ou comparaisons internes, et les relations interculturelles, ou comparaisons externes, sont dans une stricte continuité ontologique. Mais la comparabilité directe ne signifie pas nécessairement une traductibilité immédiate, tout comme la continuité ontologique ne signifie pas la transparence épistémologique. Comment rétablir les analogies établies, disons, par les peuples autochtones d'Amazonie en termes de nos propres analogies? Qu'advient-il de nos comparaisons lorsque nous les comparons avec des comparaisons autochtones? La perspective qui est préconisée ici est celle du perspectivisme et celle de l'équivoque contrôlée.