brincar é a principal atividade da infância, pois é a forma de viver da criança. Sabemos que no cotidiano infantil o brincar é uma experiência necessária para o desenvolvimento integral da criança. No entanto, frequentemente, o espaço ocupado por ela não é levado muito a sério pelos adultos, pela família e pela escola, já que “na escola não se pode perder tempo, anão ser nos recreios, e cada vez menos”, como nos adverte (KOHAN, 2019, p.11).Na busca de ampliarmos nosso olhar e sentidos para a prática lúdica na educação, propomos o dossiê “O brincar livre: caminho de sentidos e experiências”.O tema nasce da experiência com o projeto de pesquisa do GEPEL/ PPGEDU, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), intitulada: “Baú Brincante: estudo sobre o brincar livre das crianças do ensino fundamental”. Tratou-se de uma pesquisa interinstitucional, sob a coordenação geral da Profª Cristina D’Ávila, envolvendoa Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB),em duas escolas, nas cidades de Salvador e Jequié, na Bahia. Esse estudo nasceu da parceria do Grupo de Pesquisa em Educação, Didática e Ludicidade (GEPEL/UFBA), em cooperação com a Universidade Paris XIII, Sorbonne, com base no acompanhamento do projeto “Boite a jouer” desenvolvido em Paris (França), pelo grupo de estudos Experice, tendo como coordenador o Professor Gilles Brougère.Um projeto que viabilizou o reconhecimento de caminhos para obrincar da criança como uma experiência potencializadora das ações de descobrir, criar e pensar: “o brincar é lugar de experiência específica quanto à linguagem e, neste sentido, suportede aprendizagem” (BROUGÈRE, 2006, p.196). Este é o propósito do Baú brincante. Uma experiência que coloca a criança diante de suas possibilidades de criação autônoma.Na experiência do brincar a criança utiliza os órgãos sensoriais para explorar e conhecer o mundo dos objetos. Ao brincar ela produz sentidos, aguça a curiosidade ao explorar os objetos e brinquedos, levando-as a ver o que se pode fazer com cada objeto: uma bola pode rolar, pular, mas pode também ser mordida para se experimentar a textura (KISHIMOTO, 2001). Nesse sentido, faz-se necessário criarmos espaços e tempos para as crianças brincarem livremente; uma vez que “esta experiência proporciona para elas o desvendar no imaginário e a própria essência de ser criança, quando dada oportunidade aela de vivenciar o movimento, com seu eu-outro e mundo, na qual coletivamente possa pensar e construir suas regras” (CARDOSO, 2018, p. 86).A finalidade desse dossiê “O brincar livre: caminho de sentidos e experiências” é apresentar estudos de profissionais que se dedicam à prática e à pesquisa na área da Educação e Ludicidade que representam a valiosa contribuição para a emergência de um novo modo de viver e pensar a educação. Tem como elemento comum a valorização do brinquedo, da brincadeira e da ludicidade nos espaços educativos e para a inclusão.