A partir das obras do historiador francês Roger Chartier, bem como das minhas experiências particulares com seus escritos, pretendemos neste artigo analisar as discussões e ideias desenvolvidas por esse autor em relação ao ato da leitura. Tendo como base os seus estudos acerca da história do livro e da própria leitura, foi-nos possível perceber não somente o caráter “indisciplinar” que envolve as ações dos leitores ao longo da história, como também uma forte ligação desse pesquisador com a produção intelectual de Michel de Certeau. Através desses diálogos, também pude, em minhas próprias pesquisas históricas sobre os índios coloniais no Ceará, “delinquir” minha leitura de Chartier e com isso relacionar o ato de ler estudado por esse autor com a maneira como os povos indígenas percebiam, de forma particular, o “novo mundo” que se configurava ao seu redor.
From the works of French historian Roger Chartier, as well as my personal experiences with his writings, we intend this article to analyze the arguments and ideas developed by this author in relation to the act of reading. Based on their studies on the history of books and reading itself, we could see not only the character of "indiscipline" that involves the actions of the players throughout history, but also a strong connection of this researcher with intellectual’s production of Michel de Certeau. Through these dialogues, I could also, in my own historical research on colonial Indians in Ceara, "delinquency" my reading of Chartier, and thus, to relate the act of reading studied by the author with the way indigenous peoples perceive, from in particular, the "new world" that was configured around them.