O presente texto procura perspectivar a educação enquanto dinâmica transnacional, sem, no entanto, negar a historicidade dos processos de recepção de modelos educacionais. Admite-se, na esteira, aliás, de outros investigadores, que na difusão e circulação do conhecimento pedagógico existe uma interface entre o mundial e o local (CARVALHO e Ó, 2009; CARUSO, 2004; NÓVOA, 2000). Por outras palavras, não se afigura legÃtimo falar de replicação de modelos estandardizados de organização educacional, mas de recepção ativa e interpretativa de padrões de influência referenciais para todos os paÃses. Em termos mais operacionais, o que pretendo, tendo obviamente em linha de conta o posicionamento teórico indicado, é discutir a apropriação do modelo de ensino mútuo num contexto sociocultural especÃfico – refiro-me à promoção do “método de Lancasterâ€, na ilha da Madeira, mais precisamente na cidade do Funchal, a instâncias do súbdito britânico Joseph Phelps, durante as primeiras décadas do século XX. No plano metodológico, adotei três nÃveis de análise, visando, no fundo, confrontar o modelo global, a saber: i) a rede de atores ligados à difusão do ensino mútuo; ii) a fundação de sociedades civis associadas à afirmação do referido modelo; iii) os materiais impressos.