A forma contística se configurou como um lugar de fala, um espaço de onde a mulher podia ser ouvida e compreendida, uma vez que muitas mulheres puderam relatar as infinitas situações femininas, procurando no público leitor, sobretudo o feminino, uma identificação, certa aprovação de seus pares. Isso foi possível com a efetivação do conto moderno apoiado pelas mudanças no contexto literário e, como consequência, houve um aumento considerável de publicações de autoria feminina. Essas narrativas se preocuparam em evidenciar os sentimentos de suas personagens, explicitando não só o lado belo, mas revelando seus complexos, suas dores, sua impotência perante as situações vivenciadas. O mundo interior passou a configurar como uma tendência muito enfática na escrita feminina. O propósito desse trabalho é mostrar as circunstâncias da produção contística feminina salientando o tema da maternidade em tais produções. Após um percurso histórico sobre o conto e a escrita de mulheres acerca desse gênero, há a análise de dois contos de Lya Luft que exemplificam como o tema da maternidade possibilita uma nova visão da mulher agora narrada por ela mesma.