Este escrito busca apresentar de forma mais panorâmica uma experiência com as regiões ribeirinhas que compõem os corpos hídricos da cidade de Aracaju e área metropolitana da Capital, e que formam a chamada Bacia Costeira do rio Sergipe, com ênfase sobre dois municípios dessa área geográfica: Aracaju, a capital do estado, e Nossa Senhora do Socorro, regiões cobertas pelos três rios investigados: rio Poxim, o rio do Sal e o rio Sergipe. Boa parte da literatura identificada como antropologia da pesca ou sobre populações ribeirinhas trata sobre populações amazônicas ou em ambientes marinhos, o que nos fez recorrer à tradição de estudos antropológicos que trata o tema muito de passagem, e sobre aspectos que não dizem respeito, necessariamente ao tema que nos tocou trabalhar aqui, no caso, modos de vida e estratégias de sobrevivência nesse ambiente fluvial. Para tanto, recorremos também a outras áreas de estudos específicos que tratam dos modos de vida em regiões estuarinas. Apresentamos, aqui, um esboço acerca da importância dos rios na constituição histórica de Aracaju e os efeitos do desenvolvimento urbano sobre o ambiente fluvial e sobre as populações ribeirinhas, as quais, quase sempre passam despercebidas nas estatísticas oficiais ou nas políticas públicas relacionadas à gestão do patrimônio ambiental, desenvolvem sofisticados sistemas de interação social e profundas experiências comunicativas que qualificam e requalificam constantemente os modos distintos de vida às margens desse complexo aquático.