Todos sabemos que uma das caracterÃsticas do texto literário é permitir-se diversas releituras e retomadas. É assim que se passam os anos e voltamos a ler os mesmos livros, os mesmos poemas novamente e, a cada nova época, circunstâncias filosóficas e intelectuaia daquele momento permitem-nos releituras. Nesse inÃcio do século XXI e face à s conceituações de pensadores pós-modernos com Gilles Deleuze, podemos reler os poemas românticos aparentemente ingênuos e apenas melosos, para encontrar neles um pensar o mundo que se complica, se os vislumbrarmos pela ótica da diferença e da repetição deleuziana, em que a repetição insitente adquire forma corrosiva e crÃtica, diferentemente do que poderia nos parecer através de outros enfoques. As palavras repetem-se e esse fato já não nos parece apenas caracterÃstica da escrita inocente de um jovem poeta, mas, em vez disso, aponta para uma atitude poética e filosófica intencional. Além disso, através da revelação dessa intencionalidade, podemos rastrear atitudes semelhantes em outros momentos da História da Literatura, fato que nos ajuda a dar a essa própria História uma outra dimensão, que já não implica uma progressão linear, mas envolve, de preferência, retomadas também intencionais.