Relegadas a um segundo plano, em favor sobretudo da pesquisa, as aulas na universidade têm sido cada vez mais tratadas como um martÃrio por professores e alunos. No entanto, elas ainda ocupam o centro das atividades do docente e do estudante e, em boa medida, constituem a essência de suas respectivas definições. E podem ser um espaço privilegiado de reflexão, de apuro intelectual e, claro, aprendizagem – tanto para quem ensina quanto para quem aprende. Então por que, na prática cotidiana, não é assim? Denilson Cordeiro, professor de filosofia na Universidade Federal de São Paulo, tem pensado sobre isso de maneira intensa e até perturbadora, ao constatar sem meias palavras o quadro desalentador que enfrentamos na sala de aula universitária – pouco estudada pela pedagogia, sempre tão ocupada com o ensino fundamental e médio. Na entrevista a seguir, responde a questões sobre o ensino superior, sistematizando suas reflexões sobre a arte da aula.