O trabalho elabora questionamentos sobre os processos de tradução intersemiótica e adaptação fílmica presentes no longa-metragem Adaptation (2002). Interessa-nos discutir como a problemática da tradução reverbera na escrita da narrativa fílmica, buscando pensar os processos tradutores, nos quais situamos a adaptação, como poética sincrônica, que borra as fronteiras entre regimes estéticos distintos, notadamente entre sistemas de signos verbais e visuais. O filme, dirigido por Spike Jonze e roteirizado por Charlie Kaufman, é uma adaptação do livro-reportagem O ladrão de orquídeas (The Book Thief, 1998) da jornalista norte-americana Susan Orlean. O longa acompanha o personagem Charlie Kaufman (homônimo ao roteirista) na tarefa de adaptar o livro para o cinema, trabalho que leva o protagonista a defrontar-se com o problema daintraduzibilidade, evocada no filme pela noção de luto e pela aparição da figura do duplo.
The paper elaborates questions about the processes of intersemiotictranslation and film adaptation in the feature film Adaptation (2002). We are interested in discussing how the translation problem reverberates in the writing of the film narrative, trying to think the translation processes, in which we situate Adaptation, as synchronic poetics, which erases the boundaries between distinct aesthetic regimes, notably between systems of verbal and visual signs. The film, directed by Spike Jonze and scripted by Charlie Kaufman, is an adaptation of Susan Orlean's The Book Thief (1998). The film follows the character Charlie Kaufman (homonym to the screenwriter) in the task of adapting the book to the cinema, a work that takes the protagonist to face the problem of untranslatability, evoked in the film by the notion of mourning and by the appearance of the figure of the Double.