O campo da arte tem suas raízes fincadas em uma multiplicidade de universos, sem qualquer obrigação de estar atrelado ao que se entende como real. O jornalismo, no imaginário profissional e popular, segue caminho contrário, e dele se espera a clareza, a transparência, a objetividade, cânones questionados no campo acadêmico, mas presentes no senso comum. Neste texto, apresentamos a aproximação entre esses lugares de produção simbólica através de uma análise introdutória ao trabalho de quatro artistas: Bárbara Wagner, Jonathas de Andrade, Ana Lira e Alfredo Jaar – que se utilizam de instrumentos comumente relacionados à prática jornalística para realizar suas obras, produzindo/se apropriando de documentários, reportagens fotográficas e de texto, pesquisa e entrevistas de arquivo. Estas produções podem ser vistas também como novas formas jornalísticas de informar e angariar a adesão de um público fragmentado, de atenção nômade, em um ambiente atravessado pela noção de pós-verdade. São, além disso, obras que espelham limitações de formas de representação que precisam ser refletidas no espaço da própria imprensa. Nesta, é cada vez mais necessária a assimilação de uma já existente, mas historicamente negada, subjetividade.