Contexto: Nas últimas décadas, diversos estudos longitudinais têm demonstrado a eficácia da cirurgia bariátrica no controle de peso em longo prazo e na redução
da mortalidade resultante de complicações clÃnicas associadas à obesidade. Contudo, os estudos também revelam aumento significativo da mortalidade
devida a suicÃdio e comportamento impulsivo, por razões largamente desconhecidas, o que demonstra a escassez de informações relativas ao manejo clÃnico de
pacientes bariátricos. O presente estudo tem como objetivo sintetizar o estado atual de conhecimentos referentes ao acompanhamento psiquiátrico de pacientes
bariátricos. Método: Revisão seletiva da literatura envolvendo artigos indexados no Medline e PubMed até junho de 2010, utilizando-se os termos: “bariatric
surgeryâ€, “psychiatryâ€, “binge eatingâ€, “follow-up†e “outcomeâ€. Resultados: Há relativo consenso na literatura de que não haja contraindicação psiquiátrica
absoluta para a cirurgia bariátrica, embora a avaliação pré-operatória seja de extrema importância para o diagnóstico e tratamento de eventuais transtornos
psiquiátricos, objetivando assegurar aderência ao tratamento multidisciplinar, melhor qualidade de vida e, possivelmente, melhor prognóstico pós-cirúrgico.
Entre os transtornos mais prevalentes nessa população, encontra-se o transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP), que está relacionado com menor
perda ponderal e pior qualidade de vida, especialmente quando presente no pós-operatório. No acompanhamento pós-operatório, também se deve atentar para
o surgimento de sintomas impulsivos, incluindo abuso de álcool e outras substâncias. Conclusão: Diversos estudos indicam elevada prevalência de transtornos
mentais e alterações psicopatológicas na população de pacientes bariátricos. Embora a maioria dos pacientes apresente adequado controle ponderal e melhora na
qualidade de vida em médio e longo prazo, alguns pacientes desenvolvem alterações relativas ao comportamento alimentar, abuso de álcool e outras substâncias
e complicações associadas a comportamento impulsivo, o que remete a hipóteses etiológicas que vão desde modelos neuroquÃmicos até teorias psicossociais. Por
todas essas razões, é de fundamental importância que os profissionais de saúde mental integrem as equipes que avaliam e acompanham os pacientes bariátricos.
Background: In recent decades, several longitudinal studies show the efficacy of bariatric surgery on long-term weight control and reductions in mortality due
to clinical complications associated with obesity. However, studies also show significantly increased mortality due to suicide and impulsive behavior, for reasons
largely unknown, which demonstrates the paucity of information concerning the clinical management of bariatric patients. This study aims to synthesize the
current state of knowledge regarding the psychiatric care of bariatric patients. Method: A selective review of literature involving articles indexed on Medline
and PubMed up to June 2010, using the terms: “bariatric surgeryâ€, “psychiatryâ€, “binge eatingâ€, “follow-upâ€, and “outcomeâ€. Results: The literature is somehow
consensual in which there is no absolute psychiatric contraindication for bariatric surgery, although the preoperative evaluation is of extreme importance for
the diagnosis and treatment of any psychiatric disorder, to assure adherence to the multidisciplinary approach, improved quality of life and possibly a better
prognosis after surgery. Among the most prevalent disorders in this population is the binge-eating disorder (BED), which is associated with lower weight loss
and poor quality of life, especially when present in the postoperative period. In the postoperative follow-up one should also be alert to the emergence of impulsive
symptoms, including abuse of alcohol and other substances. Discussion: Several studies indicate high prevalence of mental disorders and psychopathology
in the population of bariatric patients. Although most patients experience adequate weight control and improved quality of life in the medium and long term,
some patients develop abnormal behavior relating to dysfunctional eating patterns, abuse of alcohol and other substances, and complications associated with
impulsive behavior, which suggests etiological hypotheses involving from neurochemistry to psychosocial theories. For all these reasons, it is of fundamental
importance that mental health professionals to integrate the teams that evaluate and monitor the bariatric patients.