Contexto: Retornar ao trabalho após o assédio moral é um problema de saúde ocupacional. Objetivo: Analisar
a trajetória e percepções das vÃtimas de assédio moral no trabalho. Métodos: Pesquisa qualitativa com 13 casos
atendidos no Serviço de Saúde Ocupacional do Hospital das ClÃnicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo, São Paulo, Brasil. Dados coletados em 2007 e 2008, por meio de 26 entrevistas semiestruturadas. Foi
realizada uma análise do conteúdo das entrevistas. Resultados: CaracterÃsticas sociodemográficas: 67% do sexo
feminino, idades entre 29 e 55 anos, 94% caucasianos, 50% casados, 61% com filhos, 61,2% abaixo do nÃvel universitário,
67% de São Paulo, 67% de organizações privadas, diferentes ramos de atividades econômicas e de postos
de trabalho. Após 1 ano, 47% retornaram ao trabalho, 38% ainda estavam afastados e 15% foram demitidos. O
retorno ao trabalho foi: na mesma empresa e durante a estabilidade (100%), no mesmo setor e cargo (50%), com
tarefas diferentes (83%). O assédio moral diminuiu para 50%; 80% avaliaram o retorno ao trabalho negativamente;
50% enfrentaram obstáculos para continuar seus tratamentos de saúde; 100% tiveram consequências para a saúde,
com afastamentos entre 6 meses e 5 anos e 50% com auxÃlio-doença acidentário. As principais atividades durante
a doença foram: tratamentos de saúde, tarefas domésticas e permanência em casa (85%). Conclusões: As três situações
– retorno ao trabalho, licença médica e demissão – foram avaliadas como negativas. As empresas parecem
não possuir polÃticas e práticas antiassédio moral no trabalho. O perÃodo de licença médica foi envenenado pelo
coping antecipatório. Os trabalhadores demitidos, ainda doentes, estavam enfrentando dificuldades econômicas.
Background: Return to work after mobbing is an occupational health problem. Objective: To analyze mobbing
victim’s trajectory and perceptions. Methods: Qualitative research with 13 cases treated in the Occupational
Health Service of Hospital das ClÃnicas of Faculdade de Medicina of Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil.
Data were collected in 2007 and 2008, via 26 semi-structured interviews. Content analysis of interviews was performed.
Results: Sociodemographic characteristics: 67% females, ages between 29 and 55 years, 94% Caucasian,
50% married, 61% with children, 61,2% below college level, 67% São Paulo natives, 67% from private organizations,
different economic activities branches and jobs. After 1 year, 47% returned to work, 38% were still on sick leave
and 15% were dismissed. Return to work was: in the same company and during stability (100%), in the same sector
and job (50%), with different tasks (83%). Mobbing diminished 50%; 80% evaluated return to work negatively;
50% had their health treatments obstructed; 100% had health outcomes, resulting on sick leaves from 6 months
to 5 years and 50% had work-relatedness recognized. The main activities during sick leave were: health treatment,
domestic chores and permanency at home (85%). Conclusions: The three situations – return to work, sick leave
and dismissal – were evaluated as negative. The companies seem to lack mobbing policies and practices. Sick
leave period was poisoned by anticipatory coping. Dismissed workers, still ill, were facing economic hardship.