Neste artigo, construído a partir de práticas e vivências na Assembleia Popular Horizontal de Belo Horizonte, proponho uma chave de leitura da sua potencialidade profanadora enquanto um possível lateral – utópico - da realidade política da cidade. Dessa forma, através da radicalidade das ideias da construção popular direta e da horizontalidade, eixos orientadores de suas ações, a assembleia apresentou realidades alternativas ao fazer político consagrado na modernidade pelos ideais de representação e de hierarquia. Por trilhas complexas, a APH traçou o seu caminho na história da cidade, ora aproximando-se do poder instituído, dialogando com compreensões habermasianas, ora negando-o por completo, dialogando com compreensões agambenianas da política, mas sempre colocando-se de maneira crítica à realidade, tendo reconhecido nela mesma o seu potencial de emancipação.
In this article, constructed from practices and experiences in the Horizontal People’s Assembly of Belo Horizonte, I propose a key to the reading of its potential profanity as a lateral posibility - utopian - of the political reality of the city. Through the radicality of the ideas of direct popular construction and horizontality, the guiding axes of its actions, the assembly presented alternative realities to the political making, consecrated in modernity by ideals of representation and hierarchy. Through complex trails, the APH traced its way in the history of the city, sometimes approaching the established power, dialoguing with habermasian understandings, sometimes denying it completely, dialoguing with the agambenian understandings of politics, but always putting itself critically to reality, having recognized in itself its potential for emancipation.