A partir da compreensão de que o registro e a preservação da história dos sujeitos dissidentes das normativas de gênero e sexualidade são um direito epistêmico, neste artigo busco apontar algumas notas de uma cartografia que realizei na Coleção Alair Gomes, da Biblioteca Nacional. Alair Gomes (1921-1992) é considerado o precursor do homoerotismo na fotografia brasileira. Criada entre as décadas de 1960 a 1980, sua obra vai desde as imagens do corpo masculino jovem seminu nas praias de Ipanema, trabalho pelo qual ele é mais conhecido, até as fotografias de práticas esportivas, carnaval e botânica. Além do conjunto de 16 mil fotografias e 150 mil negativos, a Cole- ção Alair Gomes é composta por manuscritos relacionados às suas atividades acadêmicas, artísticas e diários íntimos. Trata-se aqui de indagar como uma instituição pública da memória, como a Biblioteca Nacional, se relaciona com esse tipo de arquivo.