Por meio do percurso gerativo do sentido, uma proposição metodológica da semiótica greimasiana, pretendo explicitar as estruturas significantes que modelam o discurso performático-persuasivo dos contadores de “causos” e assombrações da ilha de João Pilatos, Ananindeua/PA, um microcosmo da Amazônia paraense. Suas performances veiculam um discurso de feições sincréticas ou translinguísticas, por meio do qual enunciador e enunciatário desempenham papéis actanciais na produção e na apreensão de sentidos astuciosos repletos de intencionalidades. Essa leitura não encerra, nem é uma “camisa de força” na qual faz caber essas narrativas a uma possível leitura a todo e qualquer custo. Feita essa modesta incursão pelos domínios do plano do conteúdo, tal como o propõe a teoria semiótica francesa, esses textos serão construídos ou desconstruídos em uma superposição de níveis de profundidade diferentes e em um processo de invariância crescente (do nível superficial ao mais profundo), sendo cada uma das etapas suscetível de ser descrita e explicada por uma gramática autônoma, embora o sentido desta discursividade esteja no limiar e na relação desses níveis.