Em “Progress versus Utopia, or, Can We Imagine the Future?â€, Fredric Jameson levanta a questão da possibilidade de se representar a utopia. Para ele, tanto a utopia, enquanto gênero literário, quanto a ficção cientÃfica teriam sucesso justamente através de seu fracasso: ambas falhariam na sua tentativa de representar o futuro, mas, ao fazer isso, desfamiliarizam o presente e o apresentam ao leitor sob um novo ponto de vista. O objetivo deste artigo é discutir o problema da representação da utopia na ficção cientÃfica, através da breve análise de duas obras publicadas em contextos bastante diferentes: o conto “Men of the Ten Booksâ€, escrito por Jack Vance e publicado na revista Startling Stories em 1951, e o romance Iron Council, do escritor britânico China Miéville. Em ambas as narrativas, a utopia se mostra de forma estática, resumida a imagens visuais. Examinarei as consequências que essa escolha acarreta para a questão da representação de utopia e sua relação com o mundo social em que as obras foram escritas.