INTRODUÇÃO: Dentre os principais sinais de exacerbação pulmonar nos pacientes com fibrose cística (FC) são as atelectasias por obstrução brônquica com impacto negativo na função pulmonar. O tratamento para reversão de atelectasias em pacientes com FC consiste em intensificar as técnicas de fisioterapia, potencializar a inaloterapia e na ausência de resultados o procedimento de broncoscopia com instilação do mucolítico alfa dornase pode ser utilizado. Descrever a realização combinada de técnicas de desobstrução brônquica (TDB) e instilação do mucolítico de alfa dornase durante a broncoscopia
DESCRIÇÃO: Uma criança do sexo masculino, de 10 anos, 3120+1G>A homozigoto, insuficiente pancreático, com IMC 12,4 kg/m2, volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1) de 41% do valor predito e colonização crônica por Staphylococcus aureus resistente a oxacilina e Pseudomonas aeruginosa. Criança evoluiu com exacerbação pulmonar, com febre intermitente, aumento da tosse, piora do aspecto da secreção, perda de peso e queda do VEF1 para 21,7% e sem resolução com uso de antibióticos orais. Optado por internação hospitalar, realizado raio x (RX) de tórax que evidenciou atelectasia em lobo médio. Foi iniciado tratamento com antibiótico venoso, acompanhamento com o fisioterapeuta com a realização das TDB três vezes ao dia. As intervenções utilizadas foram o uso de pressão positiva entre 15 e 20 CmH2O associado ao decúbito lateral esquerdo (DLE); o uso da ventilação não invasiva durante o dia como recurso fisioterapêutico e durante o sono. Em sequência, foi realizado novamente o exame de função pulmonar VEF1 27,6% e o RX de tórax que observou pouca melhora. Como consequência optado pela realização da broncoscopia com instilação da alfa dornase associadas as intervenções fisioterapêuticas. O procedimento foi realizado com instilação da alfa dornase diluída na proporção de 2,5 ml para 10 ml de soro fisiológico 0,9% e executado da seguinte forma: Após a indução anestésica, broncoscópio posicionado, instilado de 2 ml de alfa dornase diluída no lobo médio. Em seguida, o fisioterapeuta executou as técnicas de aceleração do fluxo expiratório em decúbito dorsal (DD) e percussão torácica em DLE totalizando no máximo 15 segundos de intervenção e logo depois, a ventilação era reestabelecida. Este procedimento foi realizado com a instilação de toda a diluição totalizando aproximadamente 20 minutos de intervenção. Após o procedimento, criança foi mantida em VNI em modo controlado e gradativamente transferido para modo espontâneo. Durante a recuperação foram mantidas as intervenções fisioterapêuticas e o paciente monitorizado com boa evolução. Após dois dias do procedimento foi realizado a função pulmonar e o RX de tórax que evidenciou uma melhora no VEF1 49,3% e resolução da atelectasia em lobo médio.
DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS: A associação de TBD durante o procedimento de broncoscopia com instilação de alfa dornase contribuiu de forma significativa para reversão das atelectasias e melhora da função pulmonar.