Aborda-se neste trabalho o estatuto teoÌrico atribuiÌdo aÌ€s glosas, aqui entendidas como explicações ou comentaÌrios, que surgem enquanto duplas de alunos estão combinando e escrevendo uma histoÌria inventada. Estas glosas são por eles emitidas objetivando uma reformulação, uma retificação, um apagamento do que foi dito ou escrito anteriormente. O procedimento metodoloÌgico atraveÌs do qual os dados foram coletados, consistiu em filmar duplas da 1a e 2a seÌries do ensino fundamental desde o momento em que combinam uma histoÌria inventada, ateÌ o momento de escreveÌ‚-la e concluiÌ-la, particularidade esta que permite ao pesquisador ter acesso tanto ao que a dupla conversa quanto ao que escreve. A partir dos trabalhos de Authier-Revuz, encontramos a possibilidade de interpretar a modalização autoniÌmica como um fato de liÌngua e não como um comportamento comunicacional. Neste sentido, no retorno do sujeito sobre seu dizer visando reformulaÌ-lo, encontram-se a liÌngua – enquanto sistema, por um lado e enquanto equiÌvoco, por outro –, o discurso e o sujeito, atrelados aÌ€s não-coincideÌ‚ncias que aiÌ perpassam.