Este trabalho apresenta discussão filosófica sobre a relação entre o princÃpio da
autonomia e o pluralismo, considerando a tomada de decisões sobre a vida alheia com base em
valores morais próprios, que tem nas Testemunhas de Jeová um caso exemplar. Analisa decisões
judiciais proferidas por juÃzes brasileiros que autorizam hospitais a realizar procedimentos
médicos contra a vontade de pacientes que são Testemunhas de Jeová, mesmo quando estes
estejam em condições de realizar escolhas autônomas. A discussão pondera a respeito dessas
sentenças indevidas com vistas a mostrar que, para além da exigência de que uma decisão deva
ser tomada de modo consciente e livre, ocorre, igualmente, uma avaliação moral de seu
conteúdo. Conclui que subjaz ao princÃpio da autonomia a presunção da existência de uma
pluralidade de valores, que acarretam diferentes concepções de bem. Algumas delas amplamente
aceitas; outras, repudiadas.