O presente estudo se propõe a explorar a autorregulação profissional no Brasil, manifestada através dos Conselhos de Fiscalização Profissional, com o objetivo de avaliar a necessidade de controle interno dessas entidades pelo Poder Executivo Federal, uma questão levantada pelo Tribunal de Contas da União. A pesquisa aborda a natureza jurídica das corporações profissionais, identificadas como entidades públicas paraestatais que operam como espaços administrativos autônomos em relação ao Poder Executivo central. A legitimidade autônoma dessas entidades, distinta da legitimidade democrática aplicada à Administração Pública em geral, é destacada. O estudo investiga ainda as características do pluricentrismo e do hibridismo da Administração Pública do século XXI, inerentes a contextos nos quais o público e o privado se mesclam, e a necessidade de superar legados do Estado Liberal, como o princípio da unidade. O trabalho também analisa como as Ordens Profissionais são tratadas no Direito comparado, com enfoque no ordenamento português, e explora os conceitos de tutela, supervisão ministerial e controle interno. A metodologia do trabalho baseou-se na análise da legislação aplicável às entidades de fiscalização do exercício profissional, as posições doutrinárias e a análise do julgamento do processo de auditoria sobre o tema pelo Tribunal de Contas da União. Os resultados indicam que a supervisão do Poder Executivo Federal e o controle interno nas corporações profissionais é inadequada, devido à falta de previsão legal, ao potencial conflito com o sistema de controle próprio já existente nos Conselhos de Fiscalização Profissional e à violação da autoadministração e autorresponsabilidade dessas entidades.
The present study proposes to explore professional self-regulation in Brazil, manifested through the Professional Inspection Councils, with the aim of assessing the need for internal control of these entities by the Federal Executive Branch, an issue raised by the Federal Court of Auditors. The research addresses the legal nature of professional corporations, identified as parastatal public entities that operate as autonomous administrative spaces in relation to the central executive branch. The autonomous legitimacy of these entities, distinct from the democratic legitimacy applied to Public Administration in general, is highlighted. The study also investigates the characteristics of pluricentrism and hybridity of the Public Administration of the 21st century, inherent to contexts in which the public and the private merge, and the need to overcome legacies of the Liberal State, such as the principle of unity. The work also analyzes how the Professional Orders are treated in comparative law, focusing on the Portuguese order, and explores the concepts of tutelage, ministerial supervision and internal control. The methodology of the work was based on the analysis of the legislation applicable to the entities that supervise the professional exercise, the doctrinal positions and the analysis of the judgment of the audit process on the subject by the Federal Court of Auditors. The results indicate that the supervision of the Federal Executive Branch in professional corporations is inadequate, due to the lack of legal provision, the potential conflict with the system of own control already existing in the Professional Inspection Councils and the violation of the self-administration and self-responsibility of these entities.
Este estudio pretende explorar la autorregulación profesional en Brasil, manifestada a través de los Consejos Profesionales de Supervisión, con el objetivo de evaluar la necesidad de control interno de estas entidades por parte del Poder Ejecutivo Federal, cuestión planteada por el Tribunal de Cuentas de la Unión. La investigación aborda la naturaleza jurídica de las corporaciones profesionales, identificadas como entidades públicas paraestatales que operan como espacios administrativos autónomos en relación con el poder ejecutivo central. Se destaca la legitimidad autónoma de estas entidades, distinta de la legitimidad democrática aplicada a la administración pública en general. El estudio también investiga las características de pluricentrismo e hibridez de la Administración Pública del siglo XXI, inherentes a contextos en los que lo público y lo privado se fusionan, y la necesidad de superar legados del Estado Liberal, como el principio de unidad. La obra también analiza el tratamiento de las Órdenes Profesionales en el Derecho comparado, centrándose en el ordenamiento jurídico portugués, y explora los conceptos de tutela, supervisión ministerial y control interno. La metodología del trabajo se basó en el análisis de la legislación aplicable a las entidades que supervisan el ejercicio profesional, las posiciones doctrinales y el análisis de la sentencia del proceso de fiscalización sobre el tema por el Tribunal Federal de Cuentas. Los resultados indican que la fiscalización del Poder Ejecutivo Federal en las corporaciones profesionales es inadecuada, debido a la falta de previsión legal, al potencial conflicto con el sistema de control propio ya existente en los Consejos de Supervisión Profesional y a la violación de la autogestión y autorresponsabilidad de esas entidades.