Em seu recente estudo sobre a ideia do socialismo, Axel Honneth dedica algumas páginas de sua exposição a um tema lateral em seu modelo de Teoria Crítica: a reflexão sobre os destinatários do discurso crítico. Na década de 1930, o espectro do proletariado como o destinatário da Teoria Crítica foi um elemento central para o desenvolvimento dessa tradição de pensamento por Max Horkheimer, ainda que este autor efetuasse importantes rupturas com a herança legada por Karl Marx. Para gerações posteriores de teóricos críticos, porém, a reflexão sobre o destinatário do discurso crítico pareceu perder importância, junto com as dúvidas quanto à possibilidade emancipatória representada pelo proletariado, de modo que a retomada do tema por Honneth oferece a possibilidade de lançar um novo olhar sobre o tema. A fim de fazê-lo, este artigo explora (I) a herança do pensamento de Marx para o estabelecimento dos destinatários da Teoria Crítica; (II) a forma como Horkheimer se apropria desta herança ao mesmo tempo em que procura romper com alguns de seus elementos centrais; a maneira como Honneth reapresenta a questão, (III) primeiro como um teoria das instituições e (IV) depois como uma teoria da democracia direcionada aos cidadãos de modo geral.
In his recently published study on the idea of Socialism, Axel Honneth touches an apparently alien subject to his model of Critical Social Theory: the question about who are the addressees of the critical discourse. In the 1930's, although Max Horkheimer distanced his project of a Crtical Social Theory from the Marxist heritage of addressing the theory to the proletariat, this class still played a role in the former's model. However, for the following generations of Critical theorists, such a subject seemed unimportant, since their own models were exposed without reference to any particular social group. Hence, Honneth's interest on the subject allows one to take a new look at that old idea. In order to do so, this paper explores (I) the role the proletariat assumes in some works of Karl Marx; (II) how Horkheimer deals with the Marxist heritage and at the same time breaks away with any commitment with the proletariat and; how Honneth presents this problem first (III) from the viewpoint of a theory of institutions and then (IV) as a theory of democratic citizenship.