O presente artigo resulta de pesquisas de longa duração analítica empreendida em municípios do oeste do Pará, inseridos na Flota do Paru, com dezenas de pessoas, que nos anos de 1930 a 1970, extraíram sistematicamente o látex da manilkara bidentata (balata). Buscou-se, por meio do registro de memórias e narrativas biográficas de balateiros ativos e ex-balateiros, reconstituir os contextos, processos, modos de fazer, viver e reproduzir o trabalho em suas experiências sociais. Demonstra-se a importância da reprodução sociocultural e ambiental dos conhecimentos tradicionais adquiridos por balateiros ao longo de décadas, no âmbito conceitual do patrimônio cultural imaterial. As inter-relações que envolvem balateiros, artesãos e floresta, constituem um modelo de sustentabilidade pautado em conhecimentos locais sobre as dinâmicas da floresta e as transformações naturais que ocorrem com a sazonalidade amazônica. Nesse movimento socioambiental se constituiu um modelo de sustentabilidade que é tecido a partir de complexas relações entre o meio cultural e o natural.