O principal objetivo do artigo é analisar a campanha contra Marighella (Wagner Moura, 2019) com o fim de oferecer algumas razões sociais que explicam, ao menos em parte, a atual eficácia política das novas direitas. Nesse sentido, argumento que a retórica do ódio das novas direitas formula um discurso espectral, em que as mesmas narrativas e arquétipos são atualizados com o fim de manter seus interlocutores em permanente mobilização. No caso de Marighella, as novas direitas alegam que Wagner Moura estaria tomado pela “mentalidade revolucionária”, que o seu filme, além de ser uma peça racista, exaltaria um terrorista com recursos da lei Rouanet. Ao concluir, enfatizo que a eficácia política da retórica das novas direitas é melhor compreendida quando a pensamos no interior da totalidade social em que funciona, marcada por uma crescente espiral de instabilidade, típica do neoliberalismo. Para tanto, foram analisados por volta de 50 vídeos veiculados no YouTube, sobretudo em canais das novas direitas.