Este artigo analisa a prática discursiva sobre a mulher “bela, recatada e do lar†com base na categoria foucaultiana de corpos dóceis. O aporte teórico focaliza-se, estritamente, na obra “Vigiar e Punirâ€, publicada por Michel Foucault em 1975.Para a discussão da categoria corpos dóceis, delimitou-se a terceira parte do livro (disciplina), na qual, Foucault (1987) procura pensar como se dá o processo de fabricação dos corpos dóceis, enfatizando a disciplina como uma nova técnica de poder. Foucault descreve quatro técnicas ou mecanismos disciplinares que envolvem o processo de formação dos corpos dóceis, a saber: 1) arte das distribuições; 2) controle das atividades; 3) organização das gêneses; e 4) composição das forças. Ao lado do acompanhamento dos dados da teoria foucaultiana, foram relacionados a reportagem da revista Veja, publicada em abril de 2016, e fragmentos do jornal do Jornal das FamÃlias, periódico brasileiro do século XIX. A materialização discursiva, tanto da reportagem, quanto do jornal,centra-se no sujeito mulher. A aproximação aponta que a mesma prática discursiva do poder disciplinar sobre o corpo feminino encontrado no Jornal das FamÃlias no século XIX, ainda está presente nos dias atuais, sendo propagada pelas mÃdias como forma de manter o poder de dominação sobre as mulheres.