A bioética está em risco de tornar-se uma disciplina acadêmica desligada das inquietudes da
cidadania, o que é especialmente preocupante nas regiões de desenvolvimento atrasado pelo
impacto da globalização, nas iniquidades socioeconômicas, escassez de recursos e falta de
polÃticas públicas que protejam adequadamente a população. Este artigo propõe uma bioética
pública que aborde os problemas de saúde pública, atenção médica, pesquisa biomédica,
ecologia e resguardo do espaço privado pela colonização biopolÃtica. Sugere-se embasar a
bioética pública em quatro pilares: participação social ampla; deliberação democrática;
desenvolvimento de uma ética de proteção que se proponha a empoderar a cidadania; e a
proposta de um pragmatismo estruturado, que gere instâncias e programas destinados a
enfrentar as necessidades da comunidade bem como fomentar o empoderamento dos excluÃdos,
canalizando essas ações mediante a criação de comissões nacionais de bioética fortes.