Este artigo tem como objetivo discutir a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para lançar luz sobre como são abordados os temas relacionados aos debates atuais sobre a sustentabilidade da vida no planeta nos cinco primeiros anos do ensino fundamental. Com base na epistemologia do ciclo de políticas, discute-se a origem da BNCC e suas intenções, considerando questões de poder que levam ao predomínio da lógica empresarial na educação. O estudo das habilidades a serem desenvolvidas com os estudantes revelou um enfoque curricular técnico-instrumental em uma realidade mitificada, com temas abordados de forma reducionista e fragmentada. Com base no pensamento de Paulo Freire, conclui-se pela necessária compreensão dessa política para a construção da consciência crítica que viabilize outros desenhos curriculares fundamentados na educação crítico-emancipatória. Com esse propósito, a Carta da Terra, a partir de uma leitura crítica, pode ser assumida como instrumento de luta contra uma educação reacionária no bojo de uma sociedade desigual e excludente. A Carta da Terra, ao estabelecer um pacto de cuidado com a Terra, promovendo os direitos humanos, a justiça social e econômica para uma civilização sustentável, constitui-se como importante referência para a construção do currículo escolar, visando à práxis que é, em si, transformadora.
This paper aims to discuss the Brazilian Common National Curriculum Base (BNCC) to understand how current issues are addressed with a view to the sustainability of life on the planet in primary school. Based on the epistemology of the policy cycle, the origin of the BNCC and its intentions are discussed, taking into account power issues that lead to the dominance of business logic in education. The study of the skills to be developed with the students revealed a technical-instrumental curricular approach in a mythologized reality, with topics addressed in a reductionist and fragmented way. From the thought of Paulo Freire, it is concluded that it is necessary to understand this policy for the construction of a critical consciousness that enables other curriculum designs based on emancipating critical education. For this, the Earth Charter can be assumed as an instrument to fight against a reactionary education amidst an unequal and exclusive society. The Earth Charter, by establishing a pact of care with the Earth, promoting human rights, social and economic justice for a sustainable civilization, constitutes an important reference for the construction of the praxis-oriented school curriculum, which is, in itself, transformative.