O discurso jornalístico sobre mudanças climáticas nem sempre associa esse fenômeno à agropecuária, considerada uma de suas causadoras. Em enunciados que vinculam a pecuária ao aquecimento global foi possível verificar o uso da ironia como mecanismo para atrair a atenção de interlocutores e instaurar uma conduta de vigilância ambiental. O objetivo do artigo é investigar como o discurso jornalístico posiciona-se em relação ao binômio pecuária/mudanças climáticas em diferentes momentos. O estudo é qualitativo e o suporte teórico-metodológico utilizado foi a Análise de Discurso, da escola francesa, reforçado pela Análise Crítica de Discurso, que permite avaliar aspectos ideológicos presentes na fala. Os resultados indicam que as circunstâncias sócio-históricas condicionam a elaboração desses discursos, sugerindo diferentes usos e funções para essa figura de linguagem. Conclui-se que o discurso irônico pode representar um risco, caso o receptor não compreenda a contradição entre sua interface absurda e sua seriedade explícita.