A visão utópica inicial em que se considerava Brasília um espaço para o florescimento de um metadiscurso sobre a história do pensamento brasileiro encontra-se em textos como os escritos por Mario Pedrosa nos primórdios da edificação da paisagem urbana, com a formulação de um novo modo de irradiação da cultura nacional. A defesa de Brasília como espaço de difusão cultural ora se justifica como possibilidade de abandonar os vícios do passado, ora como laboratório de ideias originais sobre a convergência de traduções artísticas. Brasília ou Maracangalha? A questão colocada por Mario Pedrosa é o fio condutor de uma abordagem do confronto entre utopia e realidade a partir das proposições iniciais de Lúcio Costa, o inventor de Brasília.
The early utopian vision in which Brasilia was considered a space for the flourishing of a meta-discourse on the history of Brazilian thought, lies in texts like those written by Mario Pedrosa during the first years of the construction of the urban landscape, with the ideas that followed about a new method for the spread of a national culture. The arguments in favor of Brasilia as a place of cultural diffusion could be seen either as an alternative to the perpetuation of past vices, or as a laboratory of unique ideas about the convergence of artistic traditions. Brasilia as empty territory, which is awaiting occupation with works and ideas, still seems to be an obsession that surrounds the celebration of the city’s fiftieth anniversary. Brasília or Maracangalha? The question formulated by Mario Pedrosa is adopted as aguiding line in approaching the contrast between utopia and reality. Its point of departure is found in the words of Lúcio Costa, the creator of Brasília.