Uma das questões centrais para a construção de uma Pedagogia da Infância é
aquela que diz respeito aos lugares do corpo e suas experiências. O presente
texto procura problematizar alguns pontos de tensão da relação entre corpo e
infância, argumentando em favor de uma ampliação dos espaços de
protagonismo do primeiro, no que se refere ao respeito às múltiplas expressões
da segunda. Para tanto, apresenta, em um primeiro momento, uma série de
questões que dizem respeito à tradição ocidental que separa o corpo de uma
dimensão que lhe seria alheia (“menteâ€, por exemplo), que por sua vez se
materializa em diferentes disciplinas do conhecimento, em especial, uma certa
ortopedia pedagógica. Logo a seguir o texto recorre a uma narrativa literária
infantil para, ao mimetizá-la, recontar uma relação de ensino por meio dos
corpos: o da criança como aluna, o da professora que constrange a
corporalidade de ambas, o de um cão. Argumenta, ao final, pelo rompimento
com este modelo, ainda presente, mas que exige sua superação nos marcos
de uma outra relação, a de educar e cuidar, de professores e professoras com
as crianças.
Minds and bodies, adults and children: where’s the movement and who
separated everything?
One of the most important questions about the construction of a Childhood
Pedagogy is related to the parts of the body and its experiences. This text tries
to problematize some tension points of the relation between body and
childhood, arguing for the extension of the importance of the body in reference
to the respect of the multiple expressions of childhood. So, firstly the article lists
a series of questions related to the western tradition that separates the body
from a dimension that would differ from it (“mindâ€, for example), which
materializes in different subjects of knowledge, specially a kind of pedagogic
orthopedics. Then, the text brings a literary narration for children in order to,
while producing its mimesis, retell a relation of teaching using bodies: the one of
the child as a student, the one of the teacher that constrains the corporality of
both of them and the one of a dog. Finally, it argues for the abandonment of
this model, which is still present, but that needs to be suppressed by another
relation, one of educating and taking care, of teachers and children.