Camões entre poetas africanos

Convergência Lusíada

Endereço:
Rua Luís de Camões, 30 - Centro
Rio de Janeiro / RJ
20051-020
Site: https://www.convergencialusiada.com.br/
Telefone: (21) 2221-3138
ISSN: 2316-6134
Editor Chefe: Ida Alves
Início Publicação: 15/05/2024
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Artes, Área de Estudo: Letras

Camões entre poetas africanos

Ano: 2025 | Volume: 36 | Número: Especial
Autores: Carmen Lucia Tindó Tindó Secco
Autor Correspondente: Carmen Lucia Tindó Tindó Secco | [email protected]

Palavras-chave: Luís de Camões, Virgílio de Lemos, Rui Knopfli, Luís Carlos Patraquim, José Craveirinha

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Nosso texto tem como objetivo evidenciar como Luís de Camões é reconhecido entre poetas africanos. Conforme chama atenção o crítico literário moçambicano Francisco Noa, há na poesia moçambicana uma vertente lírica que se estrutura em torno do Oceano Índico e da Ilha de Moçambique, por onde passaram Camões, Jorge de Sena e outros poetas. Dentre vozes poéticas moçambicanas que celebram Camões, lembramos Virgílio de Lemos, exímio cultor da poesia portuguesa, que escreveu inúmeros sonetos e odes a Camões. Rui Knopfli é outro grande poeta moçambicano, que, no poema “O Regresso dos Lusíadas”, efetua uma releitura crítica de Os Lusíadas. Abraçando, também, um viés de alegórica irreverência e subversão, encontramos poemas do moçambicano Luís Carlos Patraquim, contracenando, parodicamente, com versos de Camões. Por intermédio da errância, a poesia de Patraquim, na linha corrosiva inaugurada por Knopfli, impõe-se como uma contraviagem para desvendar algumas lacunas da história. Não poderíamos deixar de mencionar o grande poeta José Craveirinha, o “Camões da Mafalala”, assim designado pelo escritor Mia Couto, em 1991, não só por ter vencido o Prêmio Camões e nunca ter saído do bairro periférico da Mafalala, mas pela sedução e clandestinidade com que soube mesclar a oralidade das palavras rongas da língua da mãe negra ao idioma português herdado do pai algarvio que o introduziu nas rimas de poetas portugueses, entre os quais Camões, a quem admirou e de quem soube captar o método de criar sonetos. Por fim, fazemos referência ao poema anti-épico As Quybyrycas, de Frey Ioannes Garabatus.



Resumo Inglês:

The objective of our text is to highlight how Luís de Camões is recognized among African poets. As Mozambican literary critic Francisco Noa points out, there is a lyrical strand in Mozambican poetry that is structured around the Indian Ocean and the island of Mozambique, where Camões, Jorge de Sena and other poets passed through. Among the Mozambican poetic voices that celebrate Camões, we remember Virgílio de Lemos, an expert reader and culturist of Portuguese poetry, who wrote countless sonnets and odes to Camões. Rui Knopfli is another great Mozambican poet, who, in his poem “O Regresso dos Lusíadas” (The Return of the Lusiads), gives a critical rereading of Os Lusíadas. Also embracing an allegorical irreverence and subversion, we find poems by the Mozambican poet Luís Carlos Patraquim, parodying verses by Camões. Through wandering, Patraquim’s poetry, in the corrosive vein inaugurated by Knopfli, imposes itself as a counter journey to unveil some of the gaps in history. We can’t fail to mention the great poet José Craveirinha, the “Camões of Mafalala”, so named by the writer Mia Couto in 1991, not only because he won the Camões Prize and never left the outlying neighborhood of Mafalala, but for the seduction and clandestinity with which he was able to mix the orality of the ronga words of his black mother’s language with the Portuguese language inherited from his Algarvian father, who introduced him to the rhymes of Portuguese poets, including Camões, whom he admired and from whom he was able to capture the method of creating sonnets. Finally, we make a quick reference to the anti-epic poem As Quybyrycas, by Frey Ioannes Garabatus.