Caminhar no trilho das sombras: o percurso do ver até à ausência

Revista Visuais

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ISSN: 2447-1313
Editor Chefe: Prof. Dr. Mauricius Martins Farina
Início Publicação: 03/08/2015
Periodicidade: Bianual
Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Artes

Caminhar no trilho das sombras: o percurso do ver até à ausência

Ano: 2021 | Volume: 7 | Número: 1
Autores: Jorge Abade
Autor Correspondente: Jorge Abade | [email protected]

Palavras-chave: Ver, Verdade, Concentração, Ausência

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A verdade visual, através do ver, está intimamente ligada ao desenho, especialmente pelo desígnio, que se apresenta de forma proposicional. O desenho, imanente à origem e âmago das artes visuais, não se esgota na função literal de designar, a sua atuação tem uma absoluta transversalidade formadora. A sua ação, que procede de um olhar concentrado, indica e indicia, também mostra e caracteriza, mas sobretudo cria potencial in-visual – aí percorre o seu caminho para a sua transcendência, aporta consigo seu especular e a sua sombra, o seu contido espectral. O desígnio, que se articula num exercício especulativo, na sua faceta de aparição, determina cargas de qualidades imiscuídas nos assuntos, tanto do conteúdo como da forma. Veicula ainda o ser-em-si do desenho, na sua autorreflexividade, que é a dimensão identitária e autónoma da sua concentração, na sua in-visualidade; este fator é inteiramente participativo numa subjacência sombria, no ganho do seu potencial de transcendência. Atinge-se o apogeu do hieratismo artístico quando essa transcendência se articula numa alteridade em duas vias, entre desenho e fruidor. Este caminho do desenho é um caminho para a sua verdade, onde está a sua sombra própria, interna, o que confirma a sua autonomia e também a sua existência como arte, mas essa sombra é também o que provém de ausências e descai para a ausência, a caminho da morte.



Resumo Inglês:

Visual truth, through the seeing, is intimately linked to drawing, especially by the act of designating, which presents itself propositionally. The drawing, immanent to the origin and core of visual arts, does not end in the literal function of designating; its performance has an absolute forming transversality. The way it acts, which proceeds from a concentrated gaze, indicates and hint, also shows and characterizes, but above all it creates an in-visual potential – there, it travels its path towards its transcendence, brings with it own specular content and shadow, all its spectral contained. The act of designate, which is articulated in a speculative exercise, in the plan of appearance, determines loads of properties imbued in the matters, both in content and form. It also creates the being-in-itself of drawing, in its self-reflexivity, which is the identity and autonomous dimension of its concentration, in its in-visuality; this factor is entirely participatory in a shadow underlay, in gaining its potential for transcendence. The heyday of artistic excellence is reached when this transcendence is articulated in a sharing alterity in two ways, between drawing and user. This path of drawing is a way to its truth, where is its own shadow, internal, which confirms its autonomy and also its existence as art, but this shadow is also the one that comes from absences and falls into absence, on the way to finitude.



Resumo Espanhol:

La verdad visual, a través de la vista, está íntimamente ligada al dibujo, especialmente a través del diseño, que se presenta de forma proposicional. El dibujo, inmanente al origen y núcleo de las artes plásticas, no se limita a la función literal de designar, su ejecución tiene una transversalidad formativa absoluta. Su acción, que procede de una mirada concentrada, indica e indica, también muestra y caracteriza, pero sobre todo crea potencial in-visual - allí recorre su camino hacia su trascendencia, trae consigo su especular y su sombra, su contenido espectral. El diseño, que se articula en un ejercicio especulativo, en su faceta de apariencia, determina montones de cualidades inmiscuidas en los sujetos, tanto en contenido como en forma. También transmite el ser-en-sí del dibujo, en su autorreflexividad, que es la identidad y dimensión autónoma de su concentración, en su in-visualidad; este factor es plenamente participativo en un fondo oscuro, en la obtención de su potencial trascendente. El apogeo del hieratismo artístico se alcanza cuando esta trascendencia se articula en una alteridad bidireccional, entre el dibujo y el disfrute. Este camino del dibujo es un camino hacia su verdad, donde está su propia sombra interna, que confirma su autonomía y también su existencia como arte, pero esta sombra es también lo que viene de las ausencias y desciende a la ausencia, camino de la muerte.