O presente texto aborda o cangaço, fenômeno de banditismo rural ocorrido entre o século XIX e o século XX, com enfoque em sua sobrevida no campo da memória. Procura contextualizar o fenômeno, destacando peculiaridades em torno da entrada, vivência e morte na trajetória bandoleira; investigar a construção histórica da relação entre a memória do cangaço e a temporalidade da região nordestina, notando diferentes paradigmas de leituras acerca deste mito; perceber como essas notas permitem entender ressignificações do fenômeno no tempo presente, analisando algumas memórias no contexto da redemocratização política brasileira. O estudo desses trabalhos memoriais problematiza estratos do tempo que reivindicam rupturas, permanências e demais ramificações no terreno imaginário das ditas identidades regionais.