Este artigo discute os problemas relacionados à ação coletiva e à cooperação entre agricultores familiares, produtores de leite, assentados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, que atuam junto a um Centro Comunitário de Produção. O locus empírico da investigação foi o Assentamento Itamarati II, situado no município de Ponta Porã-MS. Através de pesquisa que utilizou instrumentos de coleta de dados qualitativos e quantitativos, identificamos que, apesar do incremento de renda obtido com o beneficiamento e a comercialização coletiva do produto principal destas famílias, características comunitárias locais relacionadas à baixos níveis de capital social, determinam impedimentos ao aprofundamento da cooperação entre as famílias. Esta configuração acaba por gerar uma situação na qual os agricultores familiares não desenvolvem cadeias de confiança intersubjetiva e passam a atuar como fornecedores individuais de leite para o próprio empreendimento que construíram coletivamente. Nas conclusões, buscamos explicar analiticamente quais as variáveis sociais que explicam a conformação desta situação.