Este artigo se concentra na apresentação da natureza, do sentido e do significado das categorias dependência e subdesenvolvimento, tal como elas são construídas na obra de Florestan Fernandes. A partir dessas categorias, o autor busca qualificar o tipo específico de capitalismo que emerge do próprio e peculiar circuito histórico-social de nações subdesenvolvidas que nasceram da invasão e conquista dos territórios de populações autóctones da América Latina no contexto da expansão do mundo ocidental. Procurando ressaltar a tese de Florestan, segundo a qual, embora a Nação se apresente como a unidade contextual e de referência para a análise do subdesenvolvimento, da dependência e dos correlatos padrões externos de dominação, o nervo operacional que vincula e ordena esses fenômenos são a estrutura e os dinamismos do regime de classes conformado por um modelo de dominação e de disputa pelo poder que estabelece os limites da luta de classes e, com ela, a lógica das mudanças sociais. Logo, é o caráter supranacional do modelo autocrático e compósito de dominação de classe, baseado em uma articulação de articulações entre os interesses das classes dominantes internas e externas, alicerçadas na repartição dupla do excedente econômico, o elemento que permite compreender como a dominação imperialista e a condição de dependência são o verso e o anverso da mesma moeda que caminham sempre com o intuito de melhor rentabilizar o subdesenvolvimento.
This article focuses on the presentation of the nature, sense and meaning of categories of dependence and underdevelopment, as they are constructed at the work of Florestan Fernandes. From these categories, the author aims at qualifying the specific type of capitalism that emerges from the peculiar historical-social circuit of underdeveloped nations that have been born from invasion and conquest of territories of native populations of Latin America in the context of the expansion of the Western world. Trying to emphasize Florestan's thesis, according to which, although the Nation presents itself as the contextual and reference unit for the analysis of underdevelopment, dependence and correlated external patterns of domination, the operational nerve that links and organizes these phenomena are the structure and dynamism of class regime conformed to a model of domination and power struggle that establishes the limits of class struggle and, with it, the logic of social changes. Therefore, it is the supranational character of the autocratic and composite model of class domination, based on an articulation of articulations between the interests of the internal and external ruling classes, founded on the double distribution of the economic surplus, the element that allows us understand how imperialist domination and the condition of dependence are the back and the front of the same coin that always walk in order to profit better from under development.