Este artigo procura investigar algumas coordenadas epocais presentes nas epÃstolas em verso de Francisco de Sá de Miranda (1481–1558). É possÃvel afirmar que a argumentação principal de Sá de Miranda reside na defesa de um “tempo da memóriaâ€, que deve ser preservado, em oposição estratégica à s vicissitudes da expansão marÃtima portuguesa e do tempo presente. Isso se faz a partir da mobilização da doutrina da “economia†(oeconomia), da “casa†(oikos) e de matéria correlata, cuja vitalidade foi reativada pelo Renascimento, com tradução literária nos lugares-comuns do de re rustica (assunto de agricultura e de camponeses). Dos tempos clássicos até a Idade Moderna, todo esse conjunto normativo não tratava somente das questões de administração da famÃlia e da conservação do patrimônio, mas também da agricultura e das relações de amizade.