Censura incomensurável (sobre "metade da vida", de Friedrich Hölderlin)

Revista Sísifo

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ISSN: 2359-3121
Editor Chefe: Yves São Paulo e Marcelo Vinicius
Início Publicação: 31/12/2014
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Filosofia

Censura incomensurável (sobre "metade da vida", de Friedrich Hölderlin)

Ano: 2016 | Volume: 1 | Número: 3
Autores: E. Maciel
Autor Correspondente: Yves São Paulo e Marcelo Vinicius | [email protected]

Palavras-chave: Literatura, Poema, Friedrich Hölderlin, Ritmos humanos e os da natureza

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Composto por duas estrofes irregulares de sete versos cada, “Metade da vida” é, sob vários aspectos, um ponto de referência quase inescapável para qualquer debate em torno da lírica tardia de Friedrich Hölderlin, ao concentrar em pouco mais que uma dezena de linhas muitos dos principais temas e emblemas que atravessam a obra do poeta. Tendo como moldura inicial um cenário aparentemente idílico – onde as rosas e peras amarelas pairando na lagoa preparam a emergência da apóstrofe aos cisnes que surgem bebendo a água sacrossóbria no sétimo verso –, é possível que a torção mais chamativa do poema inteiro se dê a partir da interjeição que abre como um furo inesperado a estrofe seguinte, quando o eu até há pouco mal disfarçado na interpelação ao “vós” ressurge convertendo em uma aparente pergunta retórica o gesto de colher flores, numa frase que demarca então a primeira assíntota violenta entre os ritmos humanos e os da natureza.