O presente trabalho analisa um fenômeno emblemático da gestão internacional de polÃticas.
Centra-se no respeitado Economic Outlook, estudo publicado pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que assessora os principais paÃses do
mundo. No correr da análise textual, feita em três momentos da história contemporânea, surge
um pensamento técnico-cientÃfico auto-explicativo e que, portanto, torna-se autônomo da
gestão da res publica dos paÃses. Como conseqüência, subordina os demais saberes sociais,
atropela quaisquer mediações e se instaura como mitologia do novo saber capitalista. Suas
análises econômicas e administrativas, especialmente aquelas referidas aos governos e
mercados da Europa Ocidental, de tal modo reiteram fórmulas e receitas que terminam por
apagar o processo nacional e internacional de gestão dos bens sociais. Na volúpia da simetria
exigida, tais textos fazem-se similares à estrutura das estórias dramáticas, ou maravilhosas.
Ocorre que tais discursos começam a ser vistos como ideologia negadora de bens sociais
adquiridos, como trabalho, previdência, educação, saúde e acolhimento aos migrantes. A
visão de conjunto do fenômeno se completa pela repercussão do Economic Outlook em textos
especiais produzidos pela OCDE e que versam sobre polÃticas de emprego e saúde.