Atualmente observamos no Brasil e em diferentes países as ações políticas dos chamados defensores dos direitos dos animais, que lutam para que humanos e animais sejam igualmente considerados sujeitos de direitos. Essa forma de militância política questiona em termos lógicos e científicos a condição animal de objeto amoral e coloca em xeque a moderna separação entre natureza e cultura, na medida em que questiona a singularidade humana e sua natureza radicalmente oposta à natureza dos animais. O estudo sobre a ação política dos defensores nos permite situar essa discussão na temática mais geral que se desenvolve hoje na Antropologia sobre a relação entre humanos e animais. Nesse sentido, o objetivo desse artigo é tratar de como se constitui a militância política dos defensores, a partir de suas práticas, levando em consideração suas pretensões acadêmicas que visam transformar a realidade animal. Para tanto, foi realizada consulta bibliográfica dos trabalhos produzidos pelos defensores, trabalho de campo nos chamados encontros animalistas que esses agentes organizam e participam, no grupo de estudos da UFRJ, e por fim, entrevistas abertas com os defensores. A partir do que foi discutido, foi possível observar que os defensores empreendem o que chamei de uma militância acadêmica, pois buscam reformar o engano moderno sobre a singularidade humana através de inúmeros trabalhos que se definem como científicos. E ao mesmo tempo, com base em suas perspectivas defendem como prática política a adoção do veganismo como forma de corresponder na prática ao seu posicionamento intelectual.