O presente estudo propõe reflexões a respeito do imaginário fronteiriço, fundado na análise de cotidianidades que podem promover as interdições, típicas de quadriculamentos opressores, ou as integrações, constitutivas das fronteiras culturais. Para tanto, tomamos como corpus os filmes argentinos Pizza, birra, faso, de Adrián Caetano, Bruno Stagnaro, do ano de 1998; e Leonera de Pablo Trapero, 2008, obras que enquadram personagens submetidas às interdições de uma experiência urbana ‘à margem de...’. Para a superação das fronteiras, figurativizadas em barreiras as mais diversas, as personagens criam escapatórias libertadoras, ampliadas e potencializadas por meio das estratégias cinematográficas. Busca-se, assim, superar um mundo dividido por ‘lados’ constituindo brechas que viabilizam transposições de fronteiras culturais, ordenadas pelas possibilidades de “ir além”. Preservam-se, consequentemente, os afetos e as experiências do habitar em apropriações estésicas essenciais aos mundos que transcendem as barras – concretas ou nem tanto – da opressão e da discriminação.
This paper focuses on the issue of the imaginary borderer, based on the analysis of everyday life routine – which may either promote oppressive enframing or integrative sheltering. The corpus consists on the Argentine films Pizza, birra, faso (Adrián Caetano, Bruno Stagnaro, 1998) and Leonera (Pablo Trapero, 2008), which present male and female young characters submitted to barriers and interdictions that are typical of the urban routine experienced by those who remain on the fringes of society. To overcome such frontiers, represented as different types of impediments in both films, they create liberating escapes amplified and enhanced by means of cinematographic strategies. Constituting gaps that enable transpositions of cultural boundaries, they therefore seek to overcome a world divided by 'sides'. Consequently, affections and experiences of dwelling in aesthetic appropriations – essential to worlds that aim at transcending the tangible and untangible bars of oppression and discrimination – are preserved.