O artigo apresenta reflexões sobre uma pesquisa que traz o cinema para o contexto de escolarização e
vida de jovens e adultos com deficiência intelectual e analisa os processos que incidem nessa relação. Os
sujeitos são estudantes de uma unidade de atendimento especializado ligado à rede municipal de ensino
de Angra dos Reis-RJ, que assistiram a três filmes no cinema local e participaram de debates após as
sessões. Os dados analisados são oriundos das gravações dos debates e dos diários de campo que
auxiliaram no registro dos acontecimentos e do contexto das atividades dentro e fora da escola. A
pesquisa está embasada nos pressuposto da perspectiva histórico-cultural de Vygotski, tem como
metodologia a pesquisa-ação, utilizando a análise de conteúdo para criação de categorias analíticas. Os
resultados indicam que: a experiência com cinema não era recorrente para os sujeitos da pesquisa; a
deficiência é apresentada como justificativa para a ausência desse encontro na vida dos estudantes,
sendo, mesmo que inconscientemente, um estigma para eles; o contexto do cinema possibilita uma
aprendizagem coletiva entre os participantes, oportunizando aos envolvidos (estudantes e professora)
novos modos de ensinar e de aprender. O artigo, portanto, abre uma discussão ainda pouco explorada
no campo de cinema e educação e busca alargar os olhares para a educação especial, ao indicar que o
cinema apresenta-se como caminho profícuo para o desenvolvimento social e cognitivo de estudantes
com deficiência intelectual.